A Febre Amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por mosquitos, tanto em áreas urbanas e silvestres. Em áreas florestais, os principais vetores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Para o enfrentamento da doença, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina por meio do Calendário Nacional de Vacinação nas Unidades Básicas de Saúde (também conhecida como Posto de Saúde), principalmente para as pessoas que moram ou vão viajar em área rural, silvestre ou de mata.
Em 2017, até o momento (07/03), foram notificados 1.076 casos de Febre Amarela, sendo que desses 57 foram descartados e 272 são casos confirmados.
Foram considerados casos confirmados aqueles que apresentaram:
- Exame laboratorial detectável para Febre Amarela;
- Exame laboratorial não detectável para dengue;
- Histórico vacinal (não vacinado/vacinação ignorada);
- Sinais e sintomas compatíveis com a definição de caso;
- Exames complementares que caracterizam disfunção renal/hepática.
Em relação aos óbitos, há 184 óbitos suspeitos. Desses, 101 foram confirmados.
Definição da Doença - Febre Amarela:
È uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa,
causada pelo vírus da febre amarela, um arbovírus protótipo do gênero
Flavivirus, da família Flaviviridae, transmitido por artrópodes, e que possui dois
ciclos epidemiológicos de transmissão distintos: silvestre e urbano. A letalidade
varia de 5 a 10% nos casos oligossintomáticos, podendo chegar a 50% nos
casos graves (aqueles que evoluem com icterícia e hemorragias).
Transmissão – Forma Silvestre e Forma Urbana da Febre Amarela
Há dois ciclos distintos da febre amarela. No ciclo silvestre da febre
amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e
amplificadores do vírus, não são transmissores. Os vetores/transmissores são
mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes no nosso meio. O homem participa como um
hospedeiro acidental ao adentrar em matas, sem estar devidamente imunizado.
No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância
epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes
aegypti) infectados.
Não há transmissão de pessoa a pessoa.
Pode ocorrer transmissão vertical.
Período de incubação e transmissibilidade
O período de incubação varia de 3 a 6 dias após a picada do mosquito
infectado, embora se considere que possa se estender até 15 dias.
A viremia humana dura, no máximo, 7 dias, podendo se estender entre 24 a 48
horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após o início da
doença, período em que o homem pode infectar os mosquitos transmissores. A
fêmea do mosquito é capaz de transmitir o vírus amarílico pelo período de 6 a 8
semanas.
Os sintomas da febre amarela surgem cerca de 3 a 6 dias após a picada de um mosquito Haemagogus Sabethes infectado com o vírus, sendo esta chamada de fase aguda da doença.
Depois da fase aguda, os sintomas podem desaparecer por 1 ou 2 dias, porém rapidamente surgem outros sintomas, mais graves, que podem levar à morte, dando origem à fase tóxica da febre amarela.
Assim, os primeiros sintomas, que caracterizam a fase aguda incluem:
- Febre alta;
- Mal-estar geral;
- Dor em todo o corpo e dor muscular, principalmente nas costas e joelhos;
- Sensibilidade à luz;
- Náuseas e vômitos;
- Perda de apetite;
- Tonturas.
- Icterícia, caracterizada pela pele e olhos amarelos;
- Sangramentos pelo nariz, boca e olhos;
- Doença dos rins e do fígado;
Já os sintomas da fase tóxica são:
A febre amarela não se transmite entre pessoas, sendo transmitida apenas pela picada do mosquito e, por isso, a única medida de prevenção para a febre amarela é através da vacinação.
Contraindicações
- Crianças com menos de 6 meses de idade;
- Indivíduos com histórico de reação anafilática a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos que contêm proteína animal bovina);
- Pacientes com histórico de doenças do timo (miastenia grave, timona, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica), também devem buscar orientação de um profissional de saúde
- Pacientes com imunossupressão de qualquer natureza:
Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave;
Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);
Pacientes submetidos a transplante de órgãos;
Pacientes com imunodeficiência primária;
Pacientes com neoplasias.
Obs.: Gestantes deverão ser avaliadas de acordo com o risco de contrair a doença, dependendo da área em que moram ou para a qual irá viajar.
O tratamento para febre amarela
Deve ser orientado por um clínico geral e, normalmente, consiste apenas em aliviar os sintomas da doença, como febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Assim, é recomendado ficar em casa, de repouso, evitando ir a escola ou ao trabalho e investir na ingestão de 2 litros de água ou de água de coco por dia para evitar a desidratação provocada pelos vômitos.
Casos de Febre Amarela em determinadas localidades – como acontece atualmente em parte da região Leste do Estado – são, geralmente acompanhados de relatos de violências contra macacos. Pelo fato de o ciclo de transmissão da febre amarela silvestre envolver os primatas como hospedeiros da doença, as pessoas acreditam, erroneamente, que sacrificar os animais pode ajudar a evitar a doença em humanos.
O que as pessoas não sabem ou se esquecem é que os macacos, além de também serem vítimas da doença, prestam um importante auxílio no controle da Febre Amarela. Isso porque os primatas fazem o que chamamos de papel de sentinela, ou seja, a detecção dos primeiros primatas mortos é um indicador de que podem estar ocorrendo casos de febre amarela naquela região, o que possibilita o rápido início de ações preventivas e de vacinação antes que a doença se espalhe. Ou seja, no que se refere à febre amarela, os macacos na verdade ajudam a evitar epidemias, casos urbanos e mais mortes de pessoas.
Além disso, os mosquitos responsáveis pela transmissão da febre amarela silvestre, o Haemagogus e o Sabethes, só se contaminam com o vírus da doença quando picam os macacos durante a infecção viral, que dura apenas três ou cinco dias; depois os macacos morrem ou se tornam imunes. Sendo assim, as agressões atingem quase sempre animais sadios que não tiveram contato com o vírus ou que já estão imunizados. Por isso, fique ligado e ajude a compartilhar informações corretas: a forma apropriada de evitar a doença é a vacinação para quem mora ou vai viajar para matas em áreas endêmica.
Enfermeira/Professora: Ana Paula Moreira campos
Fonte: Saúde MG - Governo de Minas Gerais
Fotos: Google