O contato entre mãe e bebê prematuro a partir do método 'canguru' reduz a
dor do recém-nascido, segundo estudo da USP (Universidade de São Paulo). O
método consiste em colocar o bebê, só de fralda, em posição vertical, entre os
seios da mãe, permitindo o contato pele a pele.
A pesquisa foi realizada pela enfermeira Thaíla Corrêa Castral com 42
mulheres e seus bebês, recrutadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
O momento de dor analisado foi o Teste do Pezinho, feito entre três e sete
dias depois do parto e repetido após um mês no caso dos prematuros. Todos os
bebês foram colocados na posição canguru por 15 minutos antes da realização da
coleta de sangue do calcanhar, permaneceram na posição durante o exame e por
mais 15 minutos depois de seu término.
As expressões faciais e o choro do recém-nascido e uma análise psicológica do
quadro da mãe serviram de base para análise e permitiram constatar que o
estresse da mãe pode influenciar a regulação à dor e ao estresse do próprio
bebê, influenciando no desenvolvimento da criança, já que esse estado altera os
níveis de cortisol no organismo da gestante e altera a frequência cardíaca do
bebê.
“Foi uma surpresa perceber que, quanto maior o cortisol da mãe, menor a
frequência cardíaca do bebê. Pensamos que seria o contrário: quanto mais
estressada estivesse a mãe, mais acelerado ficasse o coração do bebê”, aponta
Thaíla. O canguru pode ser um dos fatores que está moderando isso, aponta a
pesquisa como hipótese.
O canguru é valorizado, mas não é feito com frequência, segundo a
pesquisadora. Das mães que participaram do estudo, 70% estavam utilizando pela
primeira vez. O método é sempre benéfico e diminui o quadro de dor dos
recém-nascidos. É uma intervenção natural e sem custos, sendo efetivo mesmo
quando a mãe apresenta um quadro de depressão e ansiedade.
A pesquisa,
chamada "A relação entre fatores maternos e a resposta à dor e ao estresse do
prematuro em posição canguru", traz à tona uma importante necessidade do
procedimento pós-natal no Brasil: envolver a mãe no cuidado e atentar para seu
perfil psicológico no período pós-parto. Os protocolos de assistência tem que
ser revisados atentando para o fato de que a mãe é um importante regulador no
bem estar do bebê nos primeiros dias de vida.
“Precisamos encontrar
alternativas que unam mãe e bebê, pois provou-se que isso é benéfico para ambos.
É importante atentar para mães com perfil de estresse e envolvê-las no cuidado,
pois este se mostrou um ponto negativo durante a gestação”, avalia. É necessário
que a mãe seja então capaz de regular o seu próprio estresse para ajudar o bebê
a recuperar-se de um evento doloroso de maneira satisfatória e a posição canguru
pode ser um auxiliador neste processo de autorregulação do estresse.
* Com informações da Agência USP de Notícias
Fonte: USP
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