28 de jan. de 2012

Calmantes Naturais

Diversas plantas são comercializadas com a promessa de apaziguar a mente. Mas será que os fitoterápicos são tão eficazes quanto os remédios tradicionais na hora de mandar o nervosismo e o baixo-astral pra longe?


Em julho de 2011, a Organização Mundial da Saúde divulgou uma triste notícia: estão crescendo os casos de ansiedade e depressão em todo o mundo. Para piorar, nosso país foi apontado como o campeão na incidência do distúrbio — 10,8% dos brasileiros são considerados depressivos graves. Uma das razões para esse quadro alarmante é o ritmo de vida que levamos. "Sedentarismo, cobranças maiores no ambiente de trabalho e má alimentação são fatores que influenciam no aparecimento de transtornos psiquiátricos", analisa Rafael Freire, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na capital fluminense.

Para combater os males da mente, os médicos costumam receitar remédios como os ansiolíticos, que barram a ansiedade e ajudam a tratar certos tipos de depressão. O perigo é o exagero na hora de recomendar esse tipo de tratamento: entre 2006 e 2010, a venda dos famosos tarja preta para a cabeça aumentou 36% no Brasil. "A população está mais estressada, mas isso não significa que haja necessidade de prescrever mais ansiolíticos", pondera o psicobiólogo Ricardo Tabach, da Universidade Federal de São Paulo. "Só que o próprio paciente costuma pedir o remédio como solução para todos os problemas", lamenta Freire.

Como alternativa para esse uso excessivo, que pode causar sérios efeitos colaterais e até dependência, alguns apontam para os fitoterápicos, que são feitos com plantas e agem de forma semelhante às drogas sintéticas. Quem nunca ouviu o conselho de tomar chá de camomila para se acalmar? A sabedoria popular indica há tempos algumas ervas como saída para o estresse e as noites maldormidas.

No entanto, vale esclarecer uma confusão corriqueira. "Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de outras maneiras, no preparo de chás", diferencia o professor de farmacologia Hudson Canabrava, da Universidade Federal de Uberlândia, no interior de Minas Gerais. E nem todos os remédios naturais já caíram nas graças dos cientistas. É preciso conhecê-los bem antes de correr até a farmácia fitoterápica mais próxima.

Na hora de comprar fitoterápicos, procure ficar atento ao rótulo do produto. Nele, há o número de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. "Para ser registrado, o remédio deve passar por testes que comprovam sua eficácia, segurança e qualidade", esclarece Mônica Soares, especialista em regulação de fitoterápicos da Anvisa. Além disso, o órgão também lançou em 2011 o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. O guia explica aos profissionais de saúde como manipular 58 das plantas medicinais mais conhecidas, auxiliando na produção desse tipo de medicamento. 

Entre essas plantas, estão a passiflora, a valeriana e a erva-de-são-joão. Esse trio é bastante utilizado pela indústria farmacêutica em fórmulas que tratam casos de depressão leve a moderada. "As três plantas contêm substâncias que atuam nos neurônios e diminuem a atividade do sistema nervoso, relaxando o indivíduo", explica Ricardo Tabach. "A principal vantagem em relação ao ansiolítico é o fato de a concentração dos princípios ativos ser menor e misturada a outros compostos, o que abaixa o risco de efeitos colaterais e dependência", expõe o doutor em farmacologia João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. "Os resultados do tratamento à base de fitoterápicos demoram mais para aparecer, mas seus efeitos adversos são muito menos agressivos", completa Hudson Canabrava.

Se as crises não são graves, os chás podem ser uma aposta certeira. "Os princípios ativos estão presentes de maneira mais branda, o que reduz a probabilidade de complicações", atesta Tabach. Busque comprá-los em farmácias de confiança e conferir no rótulo o nome científico da planta.

E, mesmo sendo de origem natural, os fitoterápicos devem ser consumidos com cautela. Um dos principais perigos é a interação medicamentosa, que pode anular ou até potencializar drogas que estejam sendo tomadas paralelamente. "As plantas possuem milhares de substâncias químicas capazes de reagir de maneira indesejada com medicamentos alopáticos comuns. A passiflora, por exemplo, que é um calmante suave, causa sonolência excessiva se combinada com outros remédios", adverte Canabrava. Não caia no engano de pensar que as plantas são inofensivas. A orientação médica é indispensável. Sempre.

E os florais? Funcionam mesmo?
Apesar de as gotinhas à base de flores fazerem sucesso há muitos anos, seu desempenho positivo ainda não foi comprovado de vez pela ciência. Tanto é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, não regulamenta o comércio dos florais. "O que acontece muitas vezes é o efeito da sugestão, ou seja, a pessoa toma o floral confiando em seus resultados. Esse processo, também conhecido como placebo, é responsável por cerca de 30% da eficácia até dos medicamentos tradicionais", explica Hudson Canabrava, professor de farmacologia da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais.

5 plantas que tranquilizam (e têm o aval da ciência!)

Melissa: Melissa officinalis

 
Também conhecida como erva-cidreira, tem óleos essenciais que acalmam levemente
Formas de consumo: Seu chá é a mais popular

Camomila: Matricaria recutita

 
Esse tipo de camomila tem efeito calmante
Formas de consumo: é bastante difundida. Suas folhas e flores são empregadas em infusões

Erva-de-são-joão: Hypericum perforatum

 
É a mais eficiente para combater a depressão
Formas de consumo: usada na produção de medicamentos, ela só pode ser comprada com receita médica

Passiflora: Passiflora incarnata

 
Essa espécie de maracujá ajuda a controlar crises de ansiedade e depressão
Formas de consumo: Além de chás, seu princípio ativo entra na fórmula de alguns medicamentos

Valeriana: Valeriana officinalis

 
Suas propriedades são extraídas da raiz. Melhora o sono
Formas de consumo: é usada na produção de fitoterápicos e em chás e infusões, apesar do gosto amargo.


Fonte: Revista Saúde

22 de jan. de 2012

Riscos com animais Peçonhentos

Os acidentes com animais peçonhentos são aqueles causados por animais que produzem veneno e o secretam através de estruturas inoculadoras especializadas, como por exemplo, presas, ferrões e espinhos. Dentre os vários animais peçonhentos, destacamos algumas espécies de serpentes, escorpiões, aranhas, abelhas, vespas, lagartas, formigas, arraias, entre outros. Estes acidentes são importantes na prática médica, uma vez que ocorrem com relativa freqüência, e muitas vezes acarretam em um quadro clínico de bastante gravidade, necessitando de um atendimento rápido e eficaz.


Escorpiões e Aralhas

Prevenção:

  • Mantenha limpos quintais e jardins;
  • Coloque o lixo em sacos plásticos fechados;
  • Deixe camas e berços afastados, no mínimo, dez centímetros da parede;
  • Evite que roupas de cama toquem o chão;
  • Verifique calçados, roupas, toalhas e roupas de cama antes de usá-los;
  • Use telas nas aberturas de ralos, pias e tanques;
Em caso de acidente:

  • Limpe o local com água e sabão e aplique compressa morna;
  • Procure o hospital mais próximo;
  • Capture e leve o animal ao serviço de saúde;
Serpentes
Prevenção:
  • Use botas no trabalho no campo; 80% das picadas atingem as pernas;
  • Utilize luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem;
  • Vede frestas em paredes e assoalhos;
  • Limpe as proximidades das casas, evitando folhagens, lixo e entulhos;
Em caso de acidente: 
  • Afaste a vítima da serpente e a mantenha em repouso;
  • Limpe o membro picado com água e sabão e mantenha-o mais elevado do que o restante do corpo;
  • Monitore os sinais vitais (Temperatura, Pressão Arterial,Respiração e Pulso)  e leve a vítima para um hospital;
Abelhas e Lagartas
Prevenção:
  • Cuidado ao manusear folhagens e ao colocar as mãos em caules de árvores; use equipamentos de segurança caso o manuseio seja necessário;
Em caso de acidentes:
  • Limpe o local com água e sabão;
  • Leve a vítima para um hospital ou serviço de saúde;
  • Se possível, capture o animal para ajudar na identificação do diagnóstico;
Fotos dos acidentes:

Fonte: Jornal Tribuna de Minas. Revisado por Ana Paula M. Campos

11 de jan. de 2012

Contra o câncer de mama: Nozes

Pesquisa revela que elas são capazes de prevenir e combater tumores, até mesmo em estágio mais avançado.


Comum em receitas natalinas, esse fruto oleaginoso tem potencial para marcar presença o ano inteiro nas mesas brasileiras. Seus nutrientes — gorduras boas, caso do ômega- 3, aminoácidos e algumas vitaminas, como a E — são responsáveis por benefícios como o controle da pressão arterial, a redução da taxa do colesterol ruim, o LDL, e até a cicatrização. Agora, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Marshall, nos Estados Unidos, comprovaram que uma nova benesse deve ser acrescentada a essa lista: a prevenção do câncer de mama, tipo mais frequente entre as mulheres.

O trabalho foi realizado com dois grupos de roedores. Um deles recebeu o que, para nós, equivaleria a 56 gramas — inclusive durante a gestação, através da alimentação da mãe — e o outro nem uma lasca sequer de nozes. Para os que tiveram os pratos salpicados com o alimento, o risco de desenvolver a doença caiu pela metade. E mais: os especialistas verificaram que, entre os que apresentaram esse câncer, o número e o tamanho dos tumores eram menores. Até mesmo a inclusão da oleaginosa na dieta após o diagnóstico da doença se mostrou uma estratégia bem-sucedida: as nozes brecaram a velocidade do crescimento do aglomerado de células malignas.

"É possível que a vitamina E atue junto com o ômega-3 de sua composição, dificultando o desenvolvimento do problema", sugere Elaine Hardman, a bioquímica que assina a pesquisa. "Já a suplementação do ácido graxo, sozinho, não proporcionou o mesmo efeito", ela vai logo esclarecendo. Isso talvez porque só quando combinadas essas substâncias auxiliem pra valer a manter as células saudáveis.

Mas há um porém. A quantidade sugerida no estudo — 14 unidades diárias — está acima da que geralmente é recomendada pelos nutricionistas — de seis a dez nozes apenas por dia. Ora, a noz pesa na balança no quesito calorias e, em excesso, suas gorduras poli-insaturadas podem chegar até a diminuir as taxas do colesterol bom, o HDL. Apesar disso, a autora afirma que estudos realizados com a mesma quantidade não adicionaram quilos a mais à silhueta ou outras complicações. Será?

Para driblar essa questão de peso, existe uma tática: "As porções de nozes devem ser bem distribuídas ao longo do dia", aconselha Gilberto Simeone Henriques, coordenador do curso de nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais. Simeone, aliás, acredita que outras oleaginosas, como amêndoas ou avelãs, possam se comportar de maneira semelhante à das nozes na prevenção de tumores de mama. Ele, no entanto, aconselha evitar qualquer uma delas à noite: "As gorduras, por exigirem mais trabalho para serem absorvidas, deixam o sistema digestivo muito lento". Daí, para quem logo se deita, uma indigestão pode dar as caras. Portanto, mulheres, caprichem nas nozes antes do anoitecer e protejam suas mamas. 

Raio X da noz
Origem: Fruto da árvore nogueira-comum, a noz é proveniente da Europa e da Ásia
Quais são seus principais nutrientes: Ômega-3 e 6, vitaminas C e E, zinco, potássio e arginina, um aminoácido
Calorias: 698 (em 100 g)
Pode-se incluir nozes em: Saladas, massas, tortas e doces
Benefícios já comprovados: Protege o coração, diminui as taxas do colesterol ruim e evita o cansaço.
Fonte: Revista Saúde

10 de jan. de 2012

De olhos abertos

Com saúde não se brinca, principalmente a dos olhos. Para você se prevenir, ou mesmo remediar.

Quando Luma Pereira tinha 4 anos, seu programa favorito era Castelo Ra-Tim-Bum. Quando a vinheta começava, ela - hoje uma jornalista de 22 anos - se posicionava na frente da TV. Se se sentasse mais longe, não conseguiria ver o que passava na tela. "Meus pais me incentivavam a assisti-la do sofá. Uma vez fiz o que pediram, mas, como não enxergava daquela distância, acabei dormindo a tarde toda", recorda-se.
Após uma visita a um oftalmologista, ela foi diagnosticada com 3 graus de miopia. "Quando os óculos chegaram, os objetos não estavam mais borrados e dava para ver de longe", conta a moça, que hoje tem quase 10 graus em cada olho. Casos como o de Luma são comuns e podem resultar em problemas graves, se não diagnosticados, e ainda podem afetar o desenvolvimento cognitivo e mesmo social da criança. Por isso, é preciso que o cuidado com a visão comece desde cedo.

Fique de olho sempre!
A visão é considerada, hoje, o sentido mais importante para a sobrevivência, e deve ser cuidada desde a infância até o fim da vida. Uma das precauções é feita logo no nascimento, ao realizar-se o "teste do olhinho". Nele, a enfermeira direciona uma luz para a pupila, que deve ficar vermelha ao refletila - como nas fotos em que se usa flash -, indicando que o raio não encontrou desvios no caminho. O exame pode detectar tumores ou mesmo catarata congênita, e agora é obrigatório nas maternidades públicas do governo do Estado de São Paulo.

De acordo com Milton Ruiz, professor livre-docente de oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e vice-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), até os 6, 7 anos de idade, o olho da criança ainda está em formação, por isso é importante que os pais tenham cuidados redobrados. "Deve-se observar sempre os dois olhos dos filhos, verificando se são semelhantes: pupilas iguais, córneas transparentes, sem desvio algum da visão. É interessante também colocar a mão na frente de um dos olhos, para verificar se o outro tem boa visão: basta observar se a criança não tentará destapá-lo", ressalta Ruiz.
Uma vista ruim também causa quedas no rendimento escolar, a partir dos 10 anos de idade, principalmente. "Notas ruins, dor de cabeça e falta de interesse são sinais de que a criança talvez precise ser examinada por um oftalmologista. Algumas estatísticas indicam que de 10% a 15% dos maus alunos têm problemas de visão", explica Ruiz. Pessoas com altas dioptrias (graus) devem tomar cuidado ao praticar esportes, pois são mais suscetíveis a descolamentos de retina, que podem ser causados por traumas como batidas, boladas e cotoveladas. E os atletas devem se precaver em modalidades que utilizam bolas pequenas, especialmente o squash e o tênis.
Em geral, é preciso também observar o ambiente. "No inverno, com a estiagem, aumenta a poluição, e isso pode evidenciar sintomas de olho seco, sendo muitas vezes necessário usar colírio lubrificante, ou seja, lágrimas artificiais", aponta César Lipener, presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (SOBLEC).

A visão é considerada, hoje, o sentido mais importante para a sobrevivência, e deve
ser cuidada desde a infância

Outra época perigosa é a meia-idade, quando bate à porta a famosa "vista cansada", tecnicamente chamada de presbiopia. Não se iluda, achando que sua visão é de águia: de acordo com o oftalmologista Milton Ruiz, 100% das pessoas sofrerão desse mal entre os 40 e 50 anos de idade. O profissional ainda alerta: "Nessa fase, a principal causa de cegueira é a falta de óculos, conhecida como cegueira evitável".
Mas, dos males, este é o menor. É nessa fase que doenças mais graves se manifestam. Uma delas é a catarata, que causa uma cegueira reversível, corrigida por uma cirurgia que troca as partes danificadas da córnea por um material sintético. Já o glaucoma, também comum a essa época da vida, está relacionado à pressão alta dos olhos, e é preciso estar atento, pois os sintomas são silenciosos e a perda de visão não tem volta: "na maioria dos casos, quando o paciente chega ao hospital, ele já está cego de um olho", observa o médico Ruiz.


Uma presa fácil
É preciso lembrar que esse tipo de problema é completamente evitável. Higiene básica, uso de óculos de sol com proteção contra os raios UVA e UVB, e idas constantes ao oculista são atitudes preventivas. Um problema salientado por Carlos Rangel, diretor do ETCO Eye Day Hospital (SP), é o abuso da visão de perto. "Não devemos forçar a vista e nem passar mais de seis horas direto em frente ao computador e TV", recomenda. O problema é que os olhos se cansam mais para focalizar coisas próximas, e atividades como ler, dirigir e ficar diante de telas diminuem a quantidade de vezes que piscamos de quinze para até cinco vezes por minuto. O olho se resseca e prejudica a função dos músculos ciliares.

Para evitar o problema, a receita é simples: a cada hora que passar fazendo essas atividades, descanse 10 minutos. Se você ficar duas horas seguidas olhando para a tela ou lendo um livro importante, descanse então 20 minutos antes de retornar à sua tarefa.
Muitas vezes os próprios medicamentos podem causar complicações. É o caso dos colírios feitos com corticoides, que apesar da ação mais eficiente para sintomas de alergias e inflamações, como inchaço e vermelhidão, podem trazer outros problemas. "Sem orientação médica adequada, seu uso pode levar ao glaucoma, à catarata, e também aumentar o risco de infecção de córnea, também chamada de cerafite", descreve o oftalmologista Ruiz.

Visões tecnológicas
Com o tempo, cuidar da saúde dos olhos ficou mais fácil, O advento do laser foi uma delas. Devido a seu alto grau de precisão - o raio formado não corre risco de dispersão -, possibilitou-se a melhora de muitas cirurgias, como aquelas relacionadas à refração: miopia, hipermetropia, astigmatismo, além de descolamento de retina e correção dos vasos sanguíneos oculares. E até mesmo essa tecnologia foi melhorada com o tempo. Como aponta Rangel: "Atualmente contamos com aparelhos que garantem 100% de eficácia para tratamentos que antes não eram bemsucedidos, como, por exemplo, a cirurgia para quem é alto míope, isto é, acima de 16 graus".

Um avanço, ainda em desenvolvimento, é no campo da terapia gênica, destacada por Ruiz: "Hoje pesquisas mostram que doenças oculares degenerativas, como o glaucoma, por exemplo, têm condições genéticas hereditárias que aumentam o risco de sua incidência", explica o médico. O tratamento, de acordo com o especialista, consistirá na criação de um vírus com um código genético modificado. O paciente será infectado por esse agente, que se hospedará nas células, e ainda será capaz de mudar o DNA de cada indivíduo, modificando suas predisposições genéticas.
E o Brasil é pioneiro em tratamentos de retina "e estamos crescendo muito nessa área", diz Rangel. Um oftalmologista brasileiro começou a desenvolver o anel intracorneano, indicado para quem sofre de ceratocone, doença em que a córnea passa a ter um formato cônico. Ela é complicada, e nem sempre seus tratamentos têm sucesso. É o caso do estudante de Santa Catarina Rodolfo Luiz Rodrigues, de 25 anos, que sofre com ela desde os 10.
Como trocou a retina do olho esquerdo na infância, o problema continuou a evoluir. Refez o transplante, e a outra retina foi operada a laser. "Apesar dessas intervenções, ainda hoje não tenho uma visão 100%. Enxergo mal do olho esquerdo e tenho uma visão satisfatória do direito", explica Rodolfo.
Quando lentes de contato não adiantavam, a opção era o transplante de córnea. Agora, o Anel de Ferrara, como é chamado, pode ser aplicado em casos moderados, e estudos feitos em 2002 no Hospital de Olhos do Paraná, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), indicaram casos de melhora, apesar do alto grau de complicações dessa cirurgia.
Outro pesquisador brasileiro, Hisashi Suzuki, participou do desenvolvimento do vitreófago. A máquina retira o humor vítreo (líquido que preenche o globo ocular) dos olhos em cirurgias para substituí-lo (vitrectomia).

E as lentes?
Hoje, a mais nova tecnologia é o silicone hidrogel, que é mais fisiológico, e permite que mais oxigênio chegue à córnea. Apesar dessa alternativa, ainda é comum a preferência pelos óculos. "As vantagens ópticas das lentes são a melhora da qualidade da visão para pacientes com graus muito altos, sem falar da estética e do conforto", esclarece Lipener. Mas, ela tem suas contraindicações. Algumas pessoas são predispostas ao acúmulo da proteína das lágrimas nas lentes, o que pode causar alergias.

Além dos olhos
Muitas vezes esses órgãos podem refletir não só a alma, como os males do corpo. Veja alguns deles:
DIABETES 
A retinopatia diabética, causada - como o nome já indica - pelo diabetes, afeta os vasos sanguíneos na retina, causando visão dupla e dificuldade de leitura, e pode ser diagnosticado pelo exame de fundo de olho.
PROBLEMAS NA TIREOIDE 
O desregulamento dos hormônios desse órgão pode inflamar os músculos que movimentam os olhos, o que comprime o nervo óptico, causando a perda da visão. Ou então é possível que cause retenção de líquidos nos tecidos atrás das órbitas, fazendo com que os globos oculares fiquem saltados para fora.
FÍGADO EM PERIGO
Problemas hepáticos podem causar aumento da bilirrubina, que deixa a conjuntiva amarelada. Alguns bebês, inclusive, nascem com essa substância em alta no corpo, o que acarreta vários problemas e até na morte. Mas a fototerapia na maternidade faz com que o risco seja sanado e o composto extra seja excretado do corpo.
REUMATISMO 
Esse e outros males associados à artrose se relacionam a sintomas de olhos secos e avermelhados. O paciente pode sentir ardor, queimação ou sensação de areia dentro da vista, e isso piora com a exposição ao ar-condicionado e à poluição e com excesso de atividades que usam visão de perto, como computador ou leitura.
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
Essa pressão alta não tem nenhuma relação com o glaucoma, mas pode ser identificada também no exame de fundo dos olhos. Se os vasos da retina estiverem tortuosos ou estreitos, por exemplo. Além disso, mudanças na estrutura dessas artérias também podem estar acontecendo também no cérebro e rim.
MALES NO CÉREBRO 
Uma baixa súbita de visão pode significar, em muitos casos, inchaço e rompimento de uma das veias do cérebro, ou seja, um aneurisma. Agora, se essa queda da vista for gradual, pode muito bem ser sinônimo de um tumor intracraniano.

Raio X dos problemas oculares
Confira quais são os mais comuns, como preveni-los e quais são os tratamentos disponíveis:
CONJUNTIVITE 
O que é: inflamação da conjuntiva, causada por bactéria, vírus, fungos, alergias ou algum agente tóxico.
Sintomas: o olho fica vermelho, lacrimeja e às vezes solta secreções.
Tratamento: podem ser utilizados antibióticos ou antivirais em forma de colírios e higienização com soro fisiológico.
Prevenção: evitar conglomerados, piscinas públicas, toalhas coletivas, sempre lavar bem as mãos e evitar tocar nos olhos.
MIOPIA E HIPERMETROPIA
O que é: distorção da visão devido ao comprimento maior ou menor do olho por má- formação que faz com que a imagem se forme fora da retina.
Sintomas: má visão de longe (miopia) ou perto (hipermetropia), fadiga e dores de cabeça.
Tratamento: ambas são corrigidas com óculos e lentes de contato, ou cirurgia a laser.
Prevenção: não há, mas, como elas começam a se manifestar na infância, os pais devem estar atentos aos sintomas para rápida correção.
ASTIGMATISMO
O que é: causada pelo formato irregular da córnea ou cristalino, que faz com que a imagem se forme em pontos diferentes da retina.
Sintomas: a forma mais intensa traz visão borrada, fadiga e dores de cabeça.
Tratamento: uso de óculos e lentes de contato, ou a cirurgia a laser.
Prevenção: alguns nutrientes, como zinco, selênio e vitaminas A, C e E podem retardar seu aparecimento.
PRESBIOPIA 
O que é: também chamada de "vista cansada", é o enrijecimento dos músculos ciliares ou do cristalino, o que causa dificuldade na focalização de perto.
Sintomas: dificuldade para enxergar de perto.
Tratamento: óculos de grau ou lentes de contato.
Prevenção: não há prevenção, é um mal que normalmente acometerá 100% da população até os 50 anos.
CATARATA 
O que é: opacidade parcial ou total do cristalino, que pode aparecer com a idade, devido a diabetes ou uso de alguns medicamentos, como corticoides.
Sintomas: cegueira, esbranquiçamento dos olhos.
Tratamento: cirurgia, que recupera totalmente a visão.
Prevenção: proteção dos olhos contra raios ultravioleta, evitar abusar de colírios corticoides, cuidados com diabetes, por exemplo.
GLAUCOMA
O que é: doença relacionada com o aumento de pressão dos olhos, que atinge o nervo óptico e pode ser congênita ou adquirida.
Sintomas: seu principal sintoma é a cegueira periférica, com aumento gradual. Estudos indicam que ela pode se relacionar também com a apneia obstrutiva do sono.
Tratamento: colírios que diminuem a pressão intraocular, ou cirurgia, dependendo do caso.
Prevenção: consultas regulares ao oftalmologista, que medirá a pressão intraocular entre os exames de rotina.
RETINOPATIA DIABÉTICA
O que é: bloqueio ou formação de aneurismas nos vasos sanguíneos da retina, causados pelo diabetes.
Sintomas: visão embaçada ou dupla, cegueira noturna e dificuldade de leitura.
Tratamento: controle do diabetes, pílulas hipoglicêmicas e cirurgia a laser para correção dos vasos.
Prevenção: controlar o diabetes evitando alimentos com alto índice glicêmico.
CERATOCONE 
O que é: doença degenerativa dos olhos, em que a córnea fica com formato cônico.
Sintomas: distorção da visão com imagens múltiplas, sensibilidade à luz e dificuldade para ler.
Tratamento: uso de óculos, lentes de contato e em casos mais graves a aplicação de um anel intracorneano ou mesmo o transplante de córnea.
Prevenção: não há.
Fonte: Viva Saúde

3 de jan. de 2012

Voluntariado


A atuação voluntária aumenta a expectativa de vida para quem auxilia o próximo, evita doenças graves como as cardiovasculares ou o câncer e ainda previne o estresse e a depressão. Para ser um voluntário não são necessários requisitos especiais, apenas motivação e a vontade de ser solidário.
Há pouco tempo, ser voluntário era apenas uma atividade realizada para ajudar os mais necessitados. Hoje, sabe-se que os benefícios para a saúde de quem pratica o voluntariado são significativos e podem até mesmo aumentar a expectativa de vida. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social, ou outros campos".
Existem várias formas de atuação voluntária, e todas as pessoas em diferentes faixas etárias (de adolescentes a idosos) podem encontrar alguma atividade que cause identificação e a motivação necessária para continuar atuando. "Cada voluntário tem sua motivação interior para continuar atuando, mas identificar-se com a causa, conhecer e vivenciar os resultados das ações empreendidas solidificam a vontade de persistir no trabalho", afirma Marta Balotin, presidente do Voluntariado do Centro Infantil Boldrini. Portanto, não é necessário ter nenhum requisito especial para ser voluntário, apenas disposição, boa vontade e tempo disponível.

Por que ajudar?
Segundo especialistas, ser um voluntário estimula a preocupação com os outros e faz com que ocorra uma mobilização por causas de interesse comum. Assim, ao estabelecer laços de solidariedade e confiança mútua, o ser humano fica mais fortalecido para enfrentar as crises e torna a sociedade mais unida ao lutar por um objetivo. "É necessário que a pessoa sinta vontade de se doar em prol de uma causa, que esteja disposta a fazer de sua ação algo que transforme ou melhore alguém ou algum lugar. O potencial e as habilidades de cada um irão se somar para que o resultado da ação seja positivo para todos", relata Marta. Para Minda Nunes, presidente do Centro de Voluntariado de Osasco e Região (CVOR), escolher a área de atuação é fator fundamental: "Ao decidir em qual trabalho voluntário atuará, o indivíduo deve levar em conta os seus interesses pessoais como tempo disponível, motivação e principalmente se combina com a sua personalidade".


Identificar-se com a causa, e vivenciar os resultados das ações solidificam a vontade
de persistir no trabalho

A economista Lúcia Cantão fundou a Organização Não Governamental (ONG) Banco de Alimentos ao perceber que o desperdício nos alimentos no Brasil prejudicava a saúde de milhares de pessoas. Por ter conhecimentos na área, ela notou que esse problema poderia ser amenizado se ações corretas fossem realizadas. A ONG tem como objetivo minimizar os efeitos da fome, combatendo o desperdício e promovendo a educação e cidadania. "Somos todos um, tudo e todos estão relacionados. Não se trata mais só de mim ou você ou daquele outro: é a humanidade como um todo que está em questão. Ninguém deve mais se abster de sua responsabilidade individual de procurar entender e agir em relação à sua parte no processo de construção do ser humano pleno, da natureza e da vida", afirma.

Doe seu tempo e ganhe qualidade de vida
 Ao ser voluntário, há a oportunidade de se fazerem amigos, viver novas experiências, sem falar na possibilidade de conhecer outras realidades. 
 Trabalho voluntário é uma via de mão dupla: ao doar sua energia e criatividade, quem é solidário enriquece sua formação, aprende informações novas e, ainda, vivencia a satisfação de se sentir útil. 
 O voluntariado é uma ferramenta de inclusão social - todos têm o direito de ser voluntários. Crianças, jovens, pessoas portadoras de deficiência, idosos e aposentados são exemplos de pessoas que podem e devem ser mobilizados.
 Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Cada voluntário deve buscar o seu próprio caminho e se sentir realizado com a escolha.

Benefícios para a saúde
 
Mas como ajudar o outro pode acarretar benefícios para o próprio voluntário? Em 2008, uma pesquisa realizada na Universidade de Michigan (EUA) revelou que o voluntariado aumenta a expectativa de vida das pessoas que querem ajudar o próximo (e não por razões pessoais, como melhorar o currículo, por exemplo). O estudo, que foi realizado com 10 mil pessoas comprovou que os voluntários viveram cerca de quatro anos a mais comparados com as outras pessoas. De acordo com o estudo, liderado por Sara Kornath e Andrea Fuhrel-Forbis, o voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse e geram a sensação de bem-estar que pode diminuir os efeitos da rotina. Consequentemente, evita doenças graves como problemas cardiovasculares e até câncer.

Ser útil para a sociedade é um dos principais motivos para ser solidário
Ser útil para a sociedade é um dos principais motivos para ser solidário. Médicos especialistas recomendam o trabalho voluntário para quem tem depressão e idosos aposentados que não realizam mais as suas atividades. Os familiares podem não gostar da atitude, mas é um dos melhores caminhos para colocar fim à tristeza e à melancolia. "A atividade de voluntariado a que se dedicam alguns indivíduos ao aposentarem-se sustenta a autoimagem de um cidadão útil, afastando- os dos processos depressivos", afirma Cícero Coimbra, neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para Minda, essa atitude não pode ser forçada ou negada. "O trabalho voluntário é espontâneo e deve ser respeitado, independente da faixa etária do participante. Por isso, o diálogo é fundamental nesses casos", expõe. Para menores de idade, é necessária a autorização dos pais.
O psiquiatra americano George Vaillant, diretor de pesquisa do departamento de psiquiatria da Universidade de Harvard, conduziu uma pesquisa com centenas de indivíduos no século passado em relação ao estado emocional sustentado ao longo da vida e à manutenção da lucidez após os 80 anos de idade. Após décadas de pesquisa, concluiu-se que aqueles que mostram maior capacidade de sustentar serenidade e ponderação no enfrentamento de problemas similares tornaram- se lúcidos por mais tempo. "Indivíduos que sustentam elevado estresse emocional inibem a produção de neurônios novos e degeneram células nervosas mais rapidamente, devido à produção de neurotoxinas associada ao estado de sofrimento", explica Coimbra.

O voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse e
geram a sensação de bem-estar
Segundo o neurologista, os voluntários mantêm ativa uma região do cérebro que diminui os riscos de depressões, além de aumentar a capacidade de resolver problemas e reduzir progressivamente as chances de terem demências como Alzheimer, por exemplo.
Além dos benefícios para a saúde, há a descoberta e desenvolvimento de potencialidades; aprendizagem de superação; aumento da criatividade e desperta a consciência social e pessoal do voluntário.
Como e por onde começar?
Quem quer atuar como voluntário e não sabe por onde começar pode procurar na web os centros de voluntariados que ficam mais próximos de sua residência. Há várias formas de atuação, e alguns sites oferecem ainda o serviço de busca de endereço com as entidades mais próximas da sua região. De acordo com Silvia Maria Louzã, do Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), é importante o voluntário saber o que quer fazer. E, além disso, cada voluntário deve pensar quais as habilidades ou talentos que podem compartilhar. Ele precisa avaliar se pode cumprir o tempo de acordo com a sua disponibilidade, e também é necessária muita responsabilidade. O voluntário pode optar por trabalhar com ações individuais ou juntar-se a grupos comunitários. Para conhecer melhor as áreas de atuação, também é possível assistir a uma palestra nos centros de voluntariados. "Há mais de mil organizações sociais cadastradas no Centro de Voluntariado de São Paulo oferecendo oportunidades de ação voluntária na cidade. Há pessoas de todas as idades, mas observamos que as mulheres são mais solidárias, e as áreas de maior atuação são: saúde, educação e assistência social", relata Silvia.

Contribuindo com a sociedade
 
O administrador Fernando Duarte sentiu a sua qualidade de vida e o humor alterarem após se tornar voluntário em Brasília (DF). Ele e mais 25 voluntários realizam palestras de motivação em escolas particulares e públicas. "Desde 2001 faço esse tipo de trabalho e senti uma mudança na minha saúde e nos relacionamentos pessoais e até mesmo profissionais. Já fui muito estressado, mas o fato de ajudar outras pessoas e deixar minha marca na sociedade contribuiu e muito para melhorar a minha qualidade de vida", diz. Já Lívia Guimarães fundou em 2005 a ONG Atuação para auxiliar os jovens nessa fase difícil do vestibular, e hoje atua também com o recolhimento do óleo de cozinha usado para produzir sabão ecológico, e até criaram uma biblioteca comunitária. Ela relata que, ao ajudar, sente-se realizada e repleta de bem-estar. "Quis compartilhar meu momento de pré-vestibular com outros alunos, e surgiu a ONG. A satisfação é muito grande, sou mais feliz ao me doar", confessa.

Onde atuar
 Igrejas
 Nos bairros e nas comunidades
 Grupos de auto-ajuda
 Programas promovidos por empresas
 Nos hospitais
 Instituições e programas de melhoria da educação
 Instituições e programas voltados para as pessoas portadoras de necessidades especiais
 Instituições e programas que trabalham com a terceira idade
 Nos grupos e organizações de preservação do meio ambiente
 Nos grupos e movimentos de luta contra a violência
 Nos clubes e associações esportivas
 Nos movimentos de luta contra a pobreza
 Em programas promovidos por órgãos governamentais
 
Fonte: Revista Viva Saúde