Em 95% dos casos é praticamente impossível estabelecer com precisão o que levou a pressão às alturas. Vários fatores estão envolvidos no problema, desde desequilíbrios hormonais e nervosos, até certos hábitos. Na verdade, acredita-se que ela seja resultado de uma mistura de genética com estilo de vida. Tanto que filhos de hipertensos têm mais chances de desenvolver a doença. E atenção: na maior parte das vezes, a subida da pressão não dá absolutamente nenhum sinal. Não à toa é chamada de inimigo silencioso. Sintomas normalmente associados a esse disparo, como dor de cabeça, palpitações ou vista embaçada, podem até aparecer nesses pacientes, mas não espere por eles para checar sua pressão.
O que significam os valores?
Ao colocar o braço no esfigmomanômetro - é esse o nome do aparelho usado para medir a pressão -- o primeiro número indica a força que o coração faz na sístole, ou seja, na contração para bombear o sangue e irrigar o corpo. O segundo valor aponta a dilatação dos vasos quando o músculo cardíaco se relaxa, a diástole. Aí acontece a pressão mínima. E não simplifique: o certo é dizer 120 por 80, por exemplo. Isso traduz a medida em milímetros de mercúrio, a unidade usada para medir a pressão.
A classificação brasileira
Para classificar a pressão dos brasileiros os médicos seguem a IV Diretriz Brasileira sobre Hipertensão, de 2002.
| Sistólica | Diastólica |
ótima | Menor que 120 | Menor que 80 |
normal | Menor que 130 | Menor que 85 |
limítrofe | 130-139 | 85-89 |
| | |
hipertenso | | |
estágio 1 | 140-159 | 90-99 |
estágio 2 | 160-179 | 100-109 |
estágio 3 | Maior que 180 | Maior que 110 |
Conseqüências
Tal como o excesso de veículos deixa as estradas esburacadas, o esforço do sangue para circular pelos vasos lesa o endotélio, o revestimento interno. Essas agressões facilitam o acúmulo de gorduras e a inflamação no local, formando as famosas placas que entopem as artérias. A longo prazo, isso é sinônimo de infartos e derrames. Já os rins, que têm a missão de filtrar o sangue, ficam sobrecarregados com tanta pressão. A força do líquido alarga pequenos poros e algumas proteínas acabam escapando pela urina. Isso pode comprometer a função do órgão e até causar sua completa falência. Nos olhos, a hipertensão pode danificar a retina levando a problemas de visão. Como se fosse pouco, o hipertenso tem graves riscos de sangramento se precisar passar por uma cirurgia.
Tratamento
O controle dos ponteiros passa, necessariamente, por mudanças no estilo de vida. Para alguns pacientes, ajustes na dieta e a atividade física são suficientes para domar a pressão. Outros precisam de remédios. E vale lembrar: a hipertensão não tem cura, por isso os cuidados são para toda a vida. Antes de receitar a melhor opção, os médicos enquadram a pessoa em grupos de risco, levando em conta outros fatores de risco como fumo, taxa de colesterol, diabete, história familiar, lesões em órgãos, doenças cardiovasculares e renais, retinopatia hipertensiva e doença arterial periférica.
Prevenção
Só tem um jeito de prevenir a decolagem dos ponteiros: mudar já o estilo de vida e abandonar hábitos sabidamente nocivos, como o cigarro, o abuso do álcool, a alimentação desregrada e o sedentarismo. Sem falar no excesso de peso: a obesidade é um conhecido disparador da pressão.
Hábitos que valem por um tratamento
Este pacote de mudanças é um verdadeiro tratamento, capaz de evitar a subida dos ponteiros ou de suavizar os
efeitos da hipertensão:
Controle o pesoSabe-se que os quilos a mais estão por trás do disparo do ponteiro, principalmente se eles estiverem acumulados na região da barriga. E nem é preciso grandes sacrifícios: uma redução de 5% a 10% na balança já ajuda. Mas os médicos recomendam manter o índice de massa corpórea abaixo de 25.
Mexa-seAlém de ajudar a perder peso e melhorar o colesterol e o diabete, os exercícios derrubam a pressão. Os mais indicados são os aeróbicos, como natação, caminhadas ou corrida, que devem ser praticados de três a seis vezes por semana durante trinta minutos. Já a musculação, que era terminantemente proibida, agora está liberada. É certo que ela não reduz a pressão com a mesma eficácia, mas também não é ruim como se pensava. Mas ela só deve ser praticada em combinação com alguma atividade aeróbica e desde que a pessoa não tenha uma pressão maior que 160x100. Em todos os casos, é indispensável consultar o médico antes de dar a largada.
Olho no cardápio
Ele é fundamental para baixar a pressão. Limite o sal a uma colher de chá por dia e fique atento às pitadas ocultas, que estão em embutidos, conservas, enlatados, defumados e salgadinhos de pacote. Siga as recomendações da dieta DASH, que comprovadamente reduz a pressão: inclua no cardápio generosas porções de frutas e verduras e alimentos assados ou grelhados. Coma doces e gordura de origem animal com muita parcimônia e atenção ao álcool: não ultrapasse duas latas de cerveja, ou duas taças de vinho ou uma dose de bebida destilada ao dia. As mulheres devem se contentar com metade disso. Aposte também nos temperos naturais, como ervas e limão, e abuse do alho. Sabe-se que, cru, ele ajuda a baixar a pressão. Estudos recentes também apontam os benefícios da uva isabel - um copo de suco da fruta por dia já ajuda a normalizar os valores.
Apague o cigarro
Ele estraga os vasos e detona a subida da pressão.
Onde você se encaixa?
O tratamento é sempre individualizado, mas veja o que os médicos recomendam, em geral, para cada caso:
Sua pressão é:
• Limítrofe ( 130-139/85-89 )
• Estágio 1 ( 140-159/90-99 )
• Estágios 2 e 3 (maior que 160/maior que 100)
Quanto aos fatores de risco...
• grupo A - Você não tem nenhum outro fator de risco, como cigarro, colesterol alto, diabete, história familiar, lesões em órgãos como os rins, doenças cardiovasculares e renais, retinopatia hipertensiva e doença arterial periférica.
• grupo B - Você tem pelo menos um fator de risco (excluindo o diabete) e não tem lesões nos órgãos-alvo, como os rins, nem doença cardiovascular
• grupo C - Você já tem lesões em órgãos, sofre de doenças cardiovasculares e/ou diabete
Resultado (Deve seguir estes cruzamentos)
| Grupo A | | Grupo B | | Grupo C |
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Limítrofe | Você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios | | Você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios | | Você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios |
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Estágio 1 | Durante um ano, Você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios | | Você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios durante seis meses. Mas se já tiver vários fatores de risco, deve começar a tomar remédios desde o início do tratamento. | | Aqui não há saída: além dos remédios, você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios. |
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Estágios 2 e 3 | Aqui não há saída: além dos remédios, você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dietae exercícios. | | Aqui não há saída: além dos remédios, você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios. | | Aqui não há saída: além dos remédios, você deve fazer mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios. |
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