De acordo com dados da Academia Brasileira de Neurologia, o AVC é a principal causa de internações e morte no Brasil.
O que é
“A” de “acidente”, “V” de “vascular” e “C” de “cerebral”. É “acidente” porque acontece de repente, sem que ninguém espere; “vascular” refere-se a vasos sanguíneos e “cerebral” porque ocorre no cérebro. Todas as áreas do nosso cérebro precisam de uma contínua irrigação de sangue (que leva oxigênio e nutrientes para as células cerebrais) para funcionar corretamente.
Um AVC ocorre quando uma área do cérebro deixa de funcionar por falha no fluxo sanguíneo. Essa falha pode acontecer por dois motivos:
- 1. No AVC isquêmico: um vaso sanguíneo se entope por causa de placas de gordura e, em consequência, o sangue não consegue chegar a uma determinada região do cérebro. A falta de nutrientes nessa região acarreta a morte de células. Cerca de 80% dos casos de AVC correspondem a este tipo. “Isquemia” é uma insuficiência de irrigação sanguinea devida a uma obstrução arterial ou vasoconstrição (estreitamento de um vaso).
- 2. No AVC hemorrágico: um vaso sanguíneo se rompe, ocasionando um vazamento de sangue. Este foi o tipo que afetou o técnico Ricardo Gomes e que corresponde apenas a 1/5 das ocorrências. A hemorragia pode acontecer na periferia cerebral ou em regiões mais profundas. A maioria ocorre em regiões mais internas. Quando ocorre na periferia cerebral, 80% dos casos são devidos a aneurismas - dilatações vasculares que podem ocorrer em qualquer artéria. Seu perigo está no fato da artéria poder romper-se com a dilatação ou trombosar (ficar entupida por causa da formação de um coágulo), provocando isquemia dos tecidos irrigados pela artéria atingida).
Sintomas
- Dor de cabeça intensa, que ocorre repentinamente, às vezes acompanhada de vômitos e tontura.
- Perda da visão ou dificuldade para enxergar, também repentina e sem explicação, juntamente com dificuldade para falar e se expressar corretamente.
- Enfraquecimento ou mesmo paralisia facial, dos braços e pernas. Geralmente um só lado do corpo é afetado.
Risco maior
Existem alguns fatores que provocam o AVC ou aumentam o risco da sua ocorrência. Entre eles estão:
Diagnóstico:
Assim que apresentar esses sintomas o paciente deve ser encaminhado a um serviço de emergência o mais breve possível, pois neste caso, o tempo de atendimento é um fator que além de salvar uma vida, diminui em muito a ocorrência de seqüelas grave e irreversíveis. O diagnóstico é feito pelo médico, através de uma avaliação clínica e realização de exames de imagem, Tomografia de Crânio ou Ressonância Magnética.
O principal é prestar socorro ao paciente o mais rápido possível, pois cada minuto vale a sua vida. No caso de AVCs do tipo isquêmico, existem medicamentos que conseguem desobstruir o vaso entupido. No entanto, nos casos de AVCs hemorrágicos, é imprescindível o atendimento médico nas primeiras horas depois do aparecimento dos sintomas, para que se evite o risco de sequelas ou mesmo de morte do paciente.
Tratamento:
O tratamento medicamentoso consiste em drogas trombolíticas, que ajudam a desfazer os trombos e liberar o fluxo sanguíneo e melhorar a circulação e oxigenação naquela área afetada, também medicamentos para controle da Pressão sanguínea e cerebral, que nestes casos aumentam consideravelmente, e se torna o maior risco para mortes nesses pacientes.
Além disso o paciente necessitará ser monitorado, precisará de suporte de oxigênio, nutricional e controle de exames laboratoriais. Passado esse tempo, virá a fase da recuperação, que passará por várias etapas, dependendo da realidade de cada caso, geralmente precisará de um bom trabalho de fisioterapia, fonodialogia, nutrição e de enfermagem.
Em se tratando de um paciente idoso, a recuperação é mais lenta, exigirá de seus cuidadores muita paciência, dedicação e carinho, sendo que essa pessoa possivelmente virá a ficar por um tempo ou até permanentemente em cima de um cama, ou precisará fazer uso de cadeiras de rodas e terá tantas outras necessidades, de acordo com cada caso, que precisará de um acompanhamento especializado ou bem treinado para que as necessidades de cuidado sejam bem supridas e o bem-estar deste paciente esteja assegurado.
Cuidados gerais quando o paciente vai pra casa:
Promover um ambiente confortável, com o mínimo de barulho (e bagunça) possível e boa circulação de ar, se for precisar ficar acamado, dê preferência a uma cama hospitalar, providencie colchão piramidal que ajuda a reduzir os riscos para desenvolvimento de úlceras de pressão, realize mudança de decúbito de 2 em 2 horas, tenha cuidado com a alimentação principalmente se o paciente vir pra casa com sonda.
Não esquecer de oferecer líquidos pela sonda, muitos aplicam a dieta e esquecem de oferecer água após isso, ou entre os intervalos, e o paciente corre o risco de ficar desidratado ou da sonda obstruir tendo assim que trocá-la, e geralmente esta troca precisa ser feita num ambiente hospitalar ou ambulatório que possua RX, já que o tipo de sonda recomendável nesses casos é a sonda enteral (que vai até a porção inicial do intestino delgado), que após ser passada demora até 24 horas para “chegar” no local adequado para só então poder ser colocada a dieta, só através da realização de um RX para se constatar o local exato de sua localização.
Importante cuidar para que a sonda não venha a obstruir e assim ter que trocá-la muito frequentemente, a sonda, se bem cuidada, pode permanecer no paciente de 3 a 4 meses, ou até mais.
Importante também que esta dieta seja oferecida lentamente, se ela for colocada a correr, o paciente pode apresentar forte episódio de diarréia. Se o paciente vir pra casa com sonda vesical de demora atentar-se para que a urina seja desprezada antes de encher completamente o coletor, e atente-se para sinais de infecção urinária (febre, ardência ou dor, corrimento, mau cheiro).
Importante atentar-se para a questão da autonomia do paciente, deixar que ele ajude no que puder no seu auto-cuidado, seja ajudar a vestir-se, ou a enxuga-se na hora do banho, qualquer ajuda que ele possa fazer, dentro de seus limites, deve ser estimulada.
Se o paciente, mesmo acamado, conseguir ficar sentado, pelo menos por algum tempo, estimular este hábito, quanto mais tempo puder passar fora da cama, mais rápido poderá vir a se recuperar. O acompanhamento de um profissional da fisioterapia é muito importante a ajudar a recuperar os movimentos perdidos além de ajudar na recuperação da força muscular, evitando assim os atrofiamentos.
Fontes: Parte do Texto:
Referência: SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Bare. Brunner & Suddarth, tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10 ed. Vol. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
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