Introdução
- Arritmia do clínico.
- Definição ECG:
- FC = 90-170bpm
- RR Irregular
- Ausência de P ou qualquer regularidade atrial
- QRS estreito
Mecanismo Eletrofisiológico
- Miócitos atriais doentes.
- Novos caminhos são formados.
- Formados muitos circuitos de reentrada:
- Áreas de período refratário diferentes.
- Área de condução lentificada.
- Trigger: extrassístole.
- Movimentos anárquicos: fibrilação.
- 400-600bpm na forma de onda F: bloqueios AV.
Epidemiologia e Etiologia
- Taquiarritmia crônica mais comum.
- 1-2% população.
- 3-9% nos idosos.
- Fatores Risco:
- Doença cardíaca.
- Valvulopatias Mitrais.
- Disfunção do VE.
- Miocardite e Pericardite.
- Idosos.
- Hipertireoidismo (até 20%).
- Cocaína, Anfetaminas, Álcool (abstinência).
- Distúrbios Hidroeletrolíticos.
Principais Causas
- Hipertensiva.
- Reumática:
- Dupla lesão mitral + Insuf. Tricúspide = 70%.
- Dupla lesão mitral = 52%.
- Estenose mitral = 29%.
- Insuf. mitral = 17%.
- Estenose aórtica = 1%.
- IAM: 10-20% de FAs.
- Cardiomiopatia dilatada: 15-20%.
- Cardiomiopatia hipertrófica: 10-30%.
Outras Etiologias...
- DPOC descompensado.
- Intoxicação digitálica.
- Teofilina.
- Doença do Nódulo SA: acima 60 anos...
- Degeneração das fibras de condução.
- Síndrome Bradi-Taqui: FA + bradi ou pausa sinusal +/- síncope.
- FA e Flutter são muito associados: "Fibrilo-Flutter".
- Pós-Op cirurgias cardíacas.
- FA Isolada:
- Jovens, miocardiopatia subclínica, vagotonia, hiperatividade SNAS e ou SNAP.
Clínica
- Assintomáticas.
- Sintomáticas:
- Palpitações.
- Dispnéia.
- Desconforto torácico.
- Tonturas.
- Sudorese fria.
- Urgência urinária.
- Complicações:
- Edema agudo de pulmão.
- Hipotensão grave arterial.
- Angina instável.
- Piora hemodinâmica deve-se:
- Taquicardia constante:
- Após cardioversão o miocárdio leva alguns dias para se recuperar: "miocárdio atordoado" (Stunning Atrial Myocardium).
- Perda da contração atrial: congestão pulmonar.
- Exame Físico:
- Ritmo irregular na ausculta.
- FC no precórdio é maior comparada aos pulsos radiais.
- NUNCA haverá B4 (já que esta depende de contração atrial)!!!
- Pulso irregular.
Tromboembolismo
- PRINCIPAIS preocupações da FA:
- Risco 5%/ano.
- Risco 28% durante toda a vida.
- Trombos murais.
- SNC é o local mais acometido.
- Infarto mesentérico.
- Arteriopatia periférica.
Mortalidade
- FA dobra o risco de mortalidade em pacientes > 60 anos e cardiopatas.
- Piora o prognóstico do AVEi:
- Mortalidade em 30 dias com FA 25% vs. 14% sem FA.
Tipos Clínicos
- FA Paroxística:
- Episódios duram < 7 dias (geralmente < 24h).
- FA Persistente:
- Arritmia > 7 dias, mantando-se na ausência de cardioversão.
- FA Permanente:
- Arritmia > 1ano.
Obs: FA > 48h NÃO costuma reverter espontaneamente devido ao ciclo vicioso atrial.
Tratamento
- 1º Passo: controle da FC
- Bloqueadores do nodo AV.
- Digitálicos: ataque IV 0,25mg 2/2h até 1,5mg + manutenção VO 0,125-0,375mg 1x/dia.
- b-bloq: respeitar contra-indicações!!
- Propranolol: ataque 1mg IV lento + 5/5 min até 5mg + manutenção VO 80-240mg/d (dividir 8/8h)
- Verapamil:
- Ataque 2,5-5mg IV em 2 min + repetir 15-30min + manutenção VO 240-480mg/dia (dividir 8/8h)
- Diltiazem: droga de escolha IV sem ICC ou disfunção de VE (rápida ação)
- Ataque 20mg IV em 2 min + 25mg em 15 min + manutenção VO 120-360mg/ dia (dividir 6/6h) ou IV bomba de infusão 10-15mg/h.
- Cardioversão Elétrica de Emergência:
- FA de início recente (< 48h) de alta resposta.
- Instabilidade hemodinâmica:
- Angina Instável.
- Fase aguda de IAM.
- Hipotensão sintomática.
- Congestão pulmonar não responsiva à medidas convencionais.
- Sd. Wolff-Parkinson-White.
- Cardioversão sincronizada com QRS após sedação.
- < 48h = 100J + 200J + 360J, S/N.
- > 48h = 200J + 360J, S/N.
- 2º Passo: Anticoagulação
- SEMPRE!!!
- FA > 48h ou início desconhecido = anticoagulação por 3-4 semanas antes da cardioversão + 4 sem pós-cardioversão!!
- HNF venosa em dose plena: 80UI/Kg em bolus + 15-18UI/Kg em BIC (TTPa 1,5-2x controle) + Warfarina 2,5-10mg/d (INR 2-3).
- FA < 48h com fatores de risco para tromboembolismo merecem mesmo esquema acima.
- FA < 48h sem fatores de risco: Heparina 6-12h antes da cardioversão + cumarínicos por 4sem (?)
- Ecocardiograma Transesofágico:
- Alta sensibilidade para trombos.
- Pode orientar conduta de cardioversão.
- Trombos (+): anticoagulação 3-4 sem antes da cardioversão + 4 sem pós.
- Trombos (-): anticoagulação 12h antes da cardioversão + 4 sem pós.
- Qual paciente NÃO precisa anticoagular?
- Minoria...
- FA < 48h sem fatores de risco (disfunção de VE, doença mitral, sem embolia prévia).
- Caso cardioversão não corrija a FA, heparinizar 6-12h antes e 4 sem depois.
- 3º Passo: Cardioversão Eletiva
(farmacológica ou elétrica) - Farmacológica:
- Amiodarona: ataque 300mg IV + impregnação 1mg/min (8h) + 0,5mg/min (16h).
- Quinidina: 200-300mg VO 2/2h máx 1,5g.
- Flecainida: 200-300mg VO ou 1,5-3mg/Kg IV em 10-20min.Amiodarona: bloqueador dos canais de K+, bloqueador dos canais de cálcio, efeito b-bloq, aumenta níveis séricos dos digitálicos
- Elétrica:
- Mais efetiva comparada à farmacológica.
- Sucesso 60-70%.
- Eficácia aumenta após antiarrítmicos.
- Preparo anterior: anticoagulação, jejum 4h, controle eletrolítico, oximetria, sedação (midazolam, fentanil ou propofol).
- FA Persistente:
- Estratégias Cardioversão:
- Vantagens: reversão para ritmo sinusal; melhora hemodinâmica; não necessita uso crônico de anticoagulantes.
- Desvantagens: efeitos adversos dos antiarrítmicos.
- Estratégias Não-Cardioversão:
- Vantagens: evita uso crônico de antiarrítmicos.
- Desvantagens: necessita uso contínuo de anticoagulantes.AFFIRM Trial e RACE Trial mostraram não haver diferença entre as estratégias
- 4º Passo: Prevenção à Recidiva
- Apenas 20-30% não apresentam recidivas em 1 anos.
- Amiodarona é a droga de escolha para profilaxia (50-60% não apresentam recidiva em 1 ano).
- 100-400mg VO/d (pode fazer 600mg/d por 1 mês ou 1000mg/d na 1ª sem).
- Contra-Indicada: hepatopatas e hipotireoidismo.
- Alternativa: Sotalol 240-320mg VO/d (12/12h).Ef. Colaterais da Amiodarona: fibrose pulmonar, bradicardia, hiper/hipotireoidismo, hepatotóxico.
- Conduta nos Não-Cardiovertidos FA Permanente:
- Prevenção crônica ao tromboembolismo: Warfarina (INR 2-3).
- Contra-Indicações aos Anticoagulantes:
- < 65 anos sem ICC, FE > 40%, sem HAS, sem alteração da tireóide, ausência de doença mitral, sem história de tromboembolismo...
- Indicar apenas Aspirina 325mg/d.
- Associações são possíveis na ausência de resposta medicamentosa à taquicardia:
- Digoxina + b-Bloq;
- Digoxina + Diltiazem;
- Considerar baixas doses de Amiodarona.
- Terapia Intervencionista:
- Ablação do nodo AV por radiofrequência.
- Implante de marca-passo definitivo.
- Desfibrilador atrial implantável: colocado IV no átrio.
- Cirurgia da FA:
- Taxa de sucesso 90%.
- Cirurgia de Maze: diversas incisões em ambos os átrios, isolando as regiões do miocárdio atrial, impedindo a propagação de ondas de reentrada.
- Necessidade de MP definitivo (40% casos) por destruição do nodo SA.
- Disfunção do miocárdio atrial.
- Ablação por radiofrequência: ablação de focos anômalos.
Flutter Atrial
- Frequência atrial > 250bpm, ondas F.
- Ausência de linha isoelétrica entre as ondas F que pode dar um aspecto de "dentes de serra".
- FC costuma ser de 150bpm (1/2 da FC atrial).
- QRS estreito.
- Geralmente: 2 ondas F / 1 QRS.
Definição Eletrocardiográfica
Mecanismo Eletrofisiológico
- O flutter é uma taquiarritmia atrial por macroreentrada: rotação tipicamente anti-horária.
- Estímulo desce pela crista terminalis – istmo (entre anel tricúspide e óstio da cava inferior) – seio venoso – sobe pelo septo inter-atrial – óstio da cava superior.
- Por que o estímulo elétrico não encontra miócitos atriais em período refratário (PR)?
- 1. Fibras atriais estão com PR mais curto.
- 2. Existe uma área de condução lenta atrial presente no istmo.
- Flutter com condução 1:1
- Complicação típica das drogas antiarrítmicas grupo Ia sem associação com digitálicos.
- EUA: 5/100.000 pessoas.
- Etiologia semelhante à FA.
- DPOC.
- ICC.
- CIA.
- Miocardite / Pericardite.
- Doença do Nó SA.
- Distúrbios hidroeletrolíticos.
- Às vezes associado à FA: "Fibrilo-Flutter".
Clínica
- Frequentemente SINTOMÁTICO.
- Palpitações.
- Tonturas.
- Cansaço.
- Dispnéia.
- Desconforto torácico.
- Angina instável.
- Congestão pulmonar nas ICCs.
- Tromboembolismo.
Tratamento
- 1º Passo: Emergencial
- Instabilidade hemodinâmica (?)
- Sim... = Cardioversão Elétrica Emergencial.
- 50J – 100J.
- Frequentemente o Flutter é convertido em FA.
- 1º Passo: Eletiva
- Estabilidade hemodinâmica.
- Inibidores do Nodo AV: b-bloq, verapamil, diltiazem, via IV.
- 1ª linha: Ibutilida ou Dofetilida IV.
- Cardioversão elétrica eletiva.
- Estimulação atrial programada.
- Estimulação atrial transesofágica.
- 2º Passo: Anticoagulação
- Seguir esquemas da FA nos seguintes casos:
- História de Fibrilação Atrial;
- Flutter crônico (> 6 meses);
- Grupo de risco para tromboembolismo; doença mitral; disfunção de VE; embolia prévia.
- Abordagem Definitiva:
- Recidiva do flutter é bastante elevada ~FA.
- Antiarrítmicos grupo I ou III estão indicados.
- Intervenção:
- Ablação por Radiofrequência do circuito do Flutter.
- Cauterização do istmo do circuito anômalo.
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